sexta-feira, outubro 12, 2007

Qual o Sentido da Vida?




Muitas vezes paro e fico a pensar: “Qual o sentido da vida?”
Há quem diga que o único sentido da vida é o AMOR. Não sei. Não acredito. Por que há tanto sofrimento por amor então? Não só o amor conjugal, não! Quantas mães sofrem por amor a seus filhos? Filhos que sofrem por amor a seus pais... Eu posso dizer que sofro por amor à minha família... vivo camuflando minha verdade para não vê-los sofrer. Mas, aí vem alguém e me diz: “Sofrer é questão de opção!”. Talvez.
Enfim, para mim, o único sentido da vida é a morte. Sim. Assim como é a única certeza que podemos ter em nossa vida. Nascemos, crescemos para quê? Para morrer! Tudo, tudo o que fazemos não mais que um adiamento da morte. Pensem: Comemos para não morrer; bebemos para não morrer; respiramos para não morrer... amamos, para não morrer! Ou melhor, comemos, bebemos, respiramos, amamos para adiar a morte. Sabemos que ela é certa, só não sabemos a hora que ela vai chegar e pegar-nos totalmente despreparados. Despreparados para deixar aqueles que mais amamos, aquilo que construímos e, também, aquilo que sonhamos viver e não tivemos oportunidade!
No sábado, 06 de outubro, perdi meu avô paterno. Sei que ele viveu tudo que tinha para viver. Morreu aos 91 anos de idade, com 15 netos, 14 bisnetos e 1 tataraneta! Isso me conforta. Lúcido, ativo apesar das limitações da idade... morava sozinho, passeava sozinho, visitava filhos, netos, mesmo distantes, tudo sozinho! Venceu um câncer de pele, casou-se duas vezes, viuvou duas vezes.
Eu adorava ouvir ele contar as histórias da família, de seus 15 irmãos, dos quais sabia idade e data de nascimento décor e salteado. Não precisava de agenda telefônica já que gravava na mente todos os números que lhe falassem, mesmo sendo semi-analfabeto!
Como eu tinha orgulho de dizer: “Meu avô tem 91 anos! Está mais forte que eu!” rs
Deixou muita saudade!

A morte de meu avô me fez pensar tudo o que escrevi acima. Mas, enquanto velávamos ele, presenciei uma situação muito triste, e que tenho muito medo de chegar a tal. Na capela ao lado à que meu avô estava, um senhor de 95 anos também era velado. Não seria tão triste, não fosse a meia dúzia de amigos que estavam a velá-lo junto a seu único filho. Era somente ele e o filho, também já de idade. A esposa falecida, o filho solteiro... Foi ao saber disto que todo este questionamento me veio à mente! Me coloquei naquela situação. Imaginei se eu enfrentasse a família, e fosse viver com o homem que eu amo... No caso da família não vir a aceitar a minha condição, chegaríamos à velhice sozinhos... e na hora da morte estaríamos sozinho também... com alguns poucos amigos! Não ter alguém para acompanhar seu féretro é muito triste! Para mim significa que você passou por aqui e não deixou nada de marcante, de significante, para que te acompanhassem em seu último trajeto terreno.


Certas coisas

Não existiria som se não houvesse o silêncio
Não haveria luz se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim
Dia e noite, não e sim
Cada voz que canta o amor
Não diz tudo que quer dizer
Tudo que cala
Fala mais alto ao coração
Silenciosamente
Eu te falo com paixão
Eu te amo calado
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncio e de luz
Nós somos medo e desejo
Somos feitos de silêncio e som
Tem certas coisas que eu não sei dizer
E digo
(Lulu Santos)



Beijo!