domingo, agosto 12, 2007

Ser Pai




Ser pai é acima de tudo,
não esperar recompensas.
Mas ficar feliz caso e quando cheguem.
É saber fazer o necessário por cima e por dentro da incompreensão.
É aprender a tolerância com os demais e exercitar a dura intolerância (mas compreensão) com os próprios erros.
Ser pai é aprender errando, a hora de falar e de calar.
É contentar-se em ser reserva, coadjuvante, deixado para depois.
Mas jamais falar no momento preciso.
É ter a coragem de ir adiante,
tanto para a vida quanto para a morte.
É viver as fraquezas que depois corrigirá no filho,
fazendo-se forte em nome dele e de tudo o que terá de viver para compreender e enfrentar.
Ser pai é aprender a ser contestado mesmo quando no auge da lucidez.
É esperar.
É saber que experiência só adianta para quem a tem, e só se tem vivendo.
Portanto, é agüentar a dor de ver os filhos passarem pelos sofrimentos necessários, buscando protegê-los sem que percebam, para que consigam descobrir os próprios caminhos.
Ser pai é saber e calar.
Fazer e guardar.
Dizer e não insistir.
Falar e dizer.
Dosar e controlar-se.
Dirigir sem demonstrar.
É ver dor, sofrimento, vício, queda e tocaia, jamais transferindo aos filhos o que, a alma, lhe corrói.
Ser pai é ser bom sem ser fraco.
É jamais transferir aos filhos a quota de sua imperfeição, o seu lado fraco,
desvalido e órfão.
Ser pai é aprender a ser ultrapassado, mesmo lutando para se renovar.
É compreender sem demonstrar, e esperar o tempo de colher, ainda que não seja em vida.
Ser pai é aprender a sufocar a necessidade de afago e compreensão.
Mas ir às lágrimas quando chegam.
Ser pai é saber ir-se apagando à medida em que mais nítido se faz na personalidade do filho, sempre como influência, jamais como imposição.
É saber ser herói na infância, exemplo na juventude e amizade na idade adulta do filho.
É saber brincar e zangar-se.
É formar sem modelar, ajudar sem cobrar, ensinar sem o demonstrar, sofrer sem contagiar, amar sem receber.
Ser pai é saber receber raiva, incompreensão, antagonismo, atraso mental, inveja, projeção de sentimentos negativos, ódios passageiros, revolta, desilusão e a tudo responder com capacidade de prosseguir sem ofender; de insistir sem mediação, certeza, porto, balanço, arrimo, ponte, mão que abre a gaiola, amor que não prende, fundamento, enigma, pacificação.
Ser pai é atingir o máximo de angústia no máximo de silêncio.
O máximo de convivência no máximo de solidão.
É, enfim, colher a vitória exatamente quando percebe que o filho a quem ajudou a crescer já, dele, não necessita para viver.
É quem se anula na obra que realizou e sorri, sereno, por tudo haver feito para deixar de ser importante.


Um desafio tanto quanto um sonho do qual, talvez, terei de abrir mão!

Feliz DIA DOS PAIS!!

6 comentários:

Anônimo disse...

Aleluia, hein, o dia dos pais fez milagre, vc ressucitou, rs, bjs

ventocais disse...

Eu não vejo a hora de ser pai.
Mas primeiro preciso me estabilizar e só depois pensar nisso.
Tava sumido hein.

bjus

Anônimo disse...

Oi, amigo.
Eu diria que é um desafio muito mais do que um sonho. Um desafio a um tipo de convivência que, como muitos de nós sabemos, nem sempre termina bem. Na verdade, é o tipo de situação que simplesmente não dá pra prever qual vai ser o resultado.
Quanto a ter que abrir mão disso, ainda tá muito cedo pra você afirmar isso. E se ter um filho é uma coisa tão importante assim pra você, vá preparando a sua vida pra isso. E lembre que nem sempre os filhos nascem da gente. A adoção, mesmo que seja feita em nome de 1 pessoa só, também é possível. Se você acha menos provável que venha um filho biológico, acho que essa é uma possibilidade pra você pensar, né?
Só vou lembrar a você aquele detalhe super importante: pense no que vai fazer antes de fazer. Ter um filho, como você comentou lá no meu blog, tem muitas consequências. E quase todas imprevisíveis, né?
Bom, um abraço, amigo. Tudo de bom.

Anônimo disse...

Vou cuidar dos filhos dos outros, pra mim já basta! Bjs

Vilser Vaittim disse...

Bem, você não precisa necessariamente abrir mão de seu sonho, ser pai de verdade é uma reunião de atos de amor e não um ato de cópula...
Eu, particularmente, apesar de fazer uma bagunça danada com crianças, não acho que tenho talento para a paternidade...
Um grande beijo. Espero que consiga escrever mais vezes.

Vilser.
www.vilser.blig.com.br

FOXX disse...

ah eu acho q seria um bom pai
mas acho dificil acontecer...