
Navegando pela net à procura de uma resposta para tudo isso que acontece em minha vida, pois é tudo o que quero, uma resposta à pergunta: Por que minha vida tem que ser diferente? Por que sou assim? encontrei esse texto, que não traz a resposta, mas diz tudo o que sinto e quase tudo que sou!
Amor de Homem 
Amo em silêncio. Sofro em silêncio. 
Do meu silêncio, da minha solidão e do meu refúgio, 
nasceu alguém que já não conheço. O isolamento fez com 
que me perdesse dentro de mim. Já não sei quem sou. 
Esta procura que agora faço, esta tentativa de 
reencontro, tem sido bastante sinuosa e espinhosa. Já 
percorri caminhos que nunca quis conhecer, e descobri o 
que jamais pensei existir. Tenho saudades da minha 
inocência, da loucura de pensar que era feliz. 
Amo em silêncio. Sofro em silêncio. 
Neste momento, enquanto escrevo estas linhas, há uma 
nostalgia que se apodera de mim. Uma lágrima 
envergonhada percorre as faces cansadas do meu rosto. 
Estou cansado. Cansado de me esconder perante mim e os 
outros. Sou gay. A minha lágrima é como outra qualquer. 
Uma lágrima como a de outro Homem qualquer. Uma lágrima 
igual à de tanta gente. No entanto, é uma lágrima 
diferente. É uma lágrima silenciosa e que todos 
fazem questão de silenciar. 
Amo em silêncio. Sofro em silêncio. 
A barreira que encontro nos outros alimenta os meus 
silêncios. Tenho medo de descobrir o que não quero. 
Ainda não estou preparado para perder aqueles que hoje 
se dizem meus amigos. Sim, sou gay. Sou o mesmo que 
sempre fui. Aquele em quem confiaram, aquele com quem já 
se riram e choraram, com quem falaram e cantaram. Mas 
ninguém me conhece. Não conhecem o homem que ama, que 
chora, que sofre e que sonha. Tenho medo de me mostrar. 
Medo que o vosso silêncio se junte ao meu. Medo de sair 
da minha solidão interior e ficar completamente só. 
Amo em silêncio. Sofro em silêncio. 
Sou gay. Será que ninguém compreende o valor do amor? 
Não será o meu amor igual ao dos outros? Será que amo de 
forma diferente? No meio de tantas incertezas só sei que 
o meu amor não tem fim. Amo indiscriminadamente. Amo 
paisagens, objetos, animais e pessoas. Amo sem olhar à 
cor, à cultura, à fortuna e ao sexo. O meu amor é 
superior a tudo isto e sinto-me feliz por isso. Não 
partilho esta felicidade com ninguém, pois o vossomundo 
não é assim. No mundo em que vivemos, o amor não existe. 
Existe sexo. Só podemos amar o outro sexo, não podemos 
simplesmente amar. O amor subjuga-se ao sexo e deixa-se 
limitar pelo corpo. É a isto que chamamos amor? Um 
sentimento escravo do físico? Onde está aquela nobreza, 
a superioridade, a irreverência e a juventude do amor? 
Porque nos prendemos tanto a velhos preconceitos? 
Porque nos preocupamos tanto com o que 
cada um faz na sua intimidade? 
O sexo em si é um ato puramente carnal e animalesco. 
Mas o sexo também pode transmitir tudo aquilo que as 
palavras são incapazes de descrever. Para isso, primeiro 
é preciso que exista amor. Só o amor dá valor ao sexo. 
Só o amor lhe dá significado. Só o amor o faz 
transcender e permite juntar os amantes numa união 
inebriante. Porque nos limitamos ao sexo quando podemos 
ter amor? Só peço que me deixem amar e que fiquem 
felizes por mim. Peço-vos que me amem como eu vos amo, e 
que me deixem reservar o direito de escolher o meio pelo 
qual exprimo o meu amor. Será pedir muito? 
Será a minha felicidade uma barreira à felicidade dos outros? 
Estarei a ser egoísta? Talvez. Com tanto preconceito, 
questiono-me sobre tudo. Mas uma coisa é certa: não 
escolhi ser assim. Não tenho orgulho nem vergonha. 
Apenas sou assim. Sou gay. Agora só me quero 
conhecer para me poder amar também. 
Sofro em silêncio. Amo em silêncio. 
Não me deixem perder nem morrer. Ajudem-me a lutar e a 
sair do labirinto que construí dentro de mim. Sozinho 
não consigo. Mas convosco estou disposto a mudar-me e 
a mudar o Mundo. 
Amo-vos.
De autor desconhecido
Fonte: www.viagemastral.com